O Dia da Consciência Negra é celebrado, nacionalmente, em 20 de novembro. Durante os dias 18, 19 e 20 de novembro, Complexo Histórico-Cultural Fazenda Machadinha, organizou um grande evento que contará com uma programação variada. As atividades, começaram na manhã desta sexta-feira (18) com exposição fotográfica, cortejos e oficinas. A oficina mais procurada foi a da Boneca Abayomi e alunos tanto da rede municipal, quanto particular, participaram.
A boneca negra foi criada para as crianças, jovens, adultos na época da escravidão. As mulheres negras as confeccionavam com pedaços de suas saias, único pano encontrado nos navios negreiros, para acalmar e trazer alegria para todos. A palavra abayomi tem origem iorubá, e significa aquele que traz felicidade ou alegria. Abayomi quer dizer encontro precioso: abay, encontro e omi, precioso.
Pituka Nirobe, autora do livro Pedras, Pedrinhas e Pedregulhos, contou a sua história para crianças do 4° ano. “Eu fui a primeira quilombola que escreveu um livro infantil e faço questão de difundir a nossa raiz, nossa história. Agora mesmo, estou falando para crianças que não tiveram contato com o que vivemos, mas eles estão tendo a oportunidade de conhecer de onde viemos. Esse é o maior legado que posso deixar, o conhecimento”, afirmou Pituka.
Na programação de sexta, ainda teve homenagem aos mestres jongueiros, a mãe Preta, pois foi o primeiro evento após o seu falecimento e o acendimento da fogueira, que é um dos momentos mais esperados da comemoração, por ser uma reverência a cultura negra. A fogueira aqueceu a roda para o Grupo de Jongo Tambores de Machadinha, se apresentar com integrantes como a Maitê, de quatro anos e o mais experiente, com 82, conhecido carinhosamente como “Seu” Gilson.
A Associação de Remanescentes do Quilombo de Machadinha – ARQUIMA, presenteou com uma obra de arte em forma de troféu, Giovanna, neta da “mãe preta”, pelo trabalho que ela realiza na localidade. “É um prazer lutar e fazer pela nossa comunidade. Essa vontade de expandir, está no sangue. A minha avó era assim e os que os filhos não querem lembrar, os netos estão aqui para não deixarem morrer, é isso inclui o jongo, a nossa força e educação. Nós somos uma comunidade que consegue se organizar e se mostrar para para o país”, finalizou.
“Seu Robertinho” do Bacurau também foi homenageado pela história de vida, pois com o seu saber adquirido mesmo sem estudo, leva ensinamento para todos. Jobel, do Mutum, foi o terceiro homenageado da noite. Dando sequência, o mestre jongueiro, “Seu Gilson”, lenda vida da comunidade, é denominado como uma enciclopédia ambulante, também recebeu a homenagem. Finalizando, Eurotides Azevedo, chamado de “Seu Tide”, que no próximo dia 24, completará 99 anos e é o último remanescente vivo que trabalhou na casa grande, também foi contemplado com tanto com o certificado, quanto com o troféu. Ambos foram recebidos pela sua neta Raissa, pois em função do frio, ele não pôde comparecer.
Em 20 de novembro de 1695, morria Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra no Brasil e, no século XX, Zumbi tornou-se um grande símbolo de resistência em determinados grupos políticos. Essa apropriação de sua história fez com que o dia de sua morte fosse convertido no Dia da Consciência Negra.
O evento contou com exposição fotográfica, feiras cultural e literária, oficinas de jongo, de contos quilombolas, de contação de história e cinema, cortejo do Boi Malhadinho, apresentações culturais e barracas com comidas típicas. O evento é uma realização da Arquima, com apoio da Prefeitura de Quissamã.