Cândido de Andrade, o Antonio Morim, é o mestre mais antigo do Grupo de Fado de Quissamã. Nascido do bairro rural de Bacural, comunidade próximo à Lagoa Feira, ele dança, canta e compõe “mineiras” que relatam o dia a dia de sua comunidade.
“Me mandou pedir um dinheiro
eu mandei dizer que não tinha.
Ela me escreveu uma carta
e eu mandei voltar para trás.
Te mando vinte mil réis mulher
que hoje não tenho mais”.
A rima e a métrica das centenas de “mineiras” de Antônio Morim foram feitas de sopetão. Algumas, ele compôs em cima da bicicleta, no percurso entre a Fazenda Machadinha e sua casa, no centro da cidade. Em 2010, ele foi protagonista do documentário português “O fado é bom demais”, realizado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Morim construía os próprios instrumentos, como o aricungo, para substituir a viola, e o pandeiro de madeira, couro e lata, utilizado até hoje.
“Agora, treino crianças para renovar a cultura e evitar que a dança acabe. No espaço Antonio Morim, organizo encontros e apresentações para os amantes do verdadeiro fado de Quissamã”, ele conta.